Olá caros confrades,
Venho aqui deixar-vos o relato daquilo que foi uma jornada de caça de vários dias...
Em 2021 resolvi, porque tinha de renovar a minha LUPA, aventurar-me pela classe C.
Curso feito e prenda de natal, oferta da esposa, uma carabina já ensinada. Uma BRNO 300 WM.
Pelo meio adquiri, através da loja SW Caça e Pesca do amigo Tiago Bernardo, uma mira de batida. O orçamento era curto e a opção recaiu sobre uma Shilba Gold Medal 1.5*6*42.
Entretanto adquiri também uma câmara de filmar para colocar no comedouro. E aqui começa a verdadeira caçada...
Comedouros já estavam feitos, em conjunto com o meu vizinho Moura. Aproveitando também os comedouros de verão para os pombos, lá fomos filmando ora um ora outro na procura de onde poderia haver o melhor exemplar.
Pelo meio houve um contratempo com a mira que se mostrou ser na montagem da mira mas tudo se resolveu, felizmente, pelas mãos do Sr. Joaquim Nunes.
Na lua de Agosto já tudo se previa estar operacional. Com 2 porcos atirados e cobrados (um na lua de agosto e outro no inicio da lua de setembro) previa-se que o conjunto estivesse apto a estar operacional.
Neste dia resolvi, em conjunto com o vizinho, ir eu para o comedouro onde foi cobrado este javali.
Ele já lá havia ido alguns dias, sem sucesso com este porco.
Neste dia, 8 de setembro, feriado municipal em Odemira, havia um pouco de vento no fim da tarde inicio da noite que mais tarde se mostrou nulo.
Já havia dito ao vizinho que este porco só se deixava enganar no dia em que fossemos a pé para o comedouro. Assim foi pois neste momento, não tenho viatura para ir para estas aventuras... O Moura deixou-me ainda longe e lá fiz a minha caminhada vendo as passagens junto a uma rede. Bem passadas por sinal mas não deste porco.
Chego ao local pelas 20:20. Manta esticada no chão, arma apoiada no apoio rural fixo já construído à uns meses e toca de esperar pela sorte.
Do sitio onde está o palanque, ou melhor dizendo, o poiso (visto que é num aceiro inclinado) distam 105 metros até ao comedouro, medidos em google maps.
Ouvi qualquer coisa, à minha direita deviam ser 21 e pouco... Um galho a partir, nada mais.
Lá para as 22 lá ouvi no fundo do barranco algo que me pareceu ser um porco a caminhar sobre folhas secas.
22:30 +- quando olho pelo aceiro onde está o comedouro, vi, iluminado pela lua, algo diferente. Aquele escuro não costuma estar lá.
Pela mira vi que era porco. Desconfiado. Vinha ao aceiro e escondia-se dentro do mato.
Já havia muito tempo que não tremia tanto. Tive a "calma" de esperar a colocação do porco mas ao mesmo tempo tive de respirar bem fundo 2 ou 3 vezes. Fez-me recordar das primeiras vezes que fui à noite aos javardos, em que o coração queria fugir do corpo disparado para bem longe...
O bicho ao fim de uns segundos (que pareceram uma eternidade), confiante na comida, colocou-se de lado e sossegado a comer. Era a minha oportunidade.
Apontado pela mão, com os aumentos no máximo, disparei... Claro que deixei de ver pela névoa da pólvora. Tentava ver a olho nu mas mesmo assim não conseguia... Entretanto oiço a minha esquerda um porco fugindo por um aceiro abaixo. Raios... Falhei o porco. Mas que estranho o porco vem na minha direcção e sempre pelo o aceiro e não foge para dentro do mato...
Fui confirmar, triste por pensar ter errado o bicho, se havia algum indicio de ter acertado no animal.
Quando chego perto do comedouro vejo o vulto no sitio do tiro. Fiquei contentíssimo. Afinal, acertei em qualquer coisa... Quando iluminei o javardo fiquei que extasiado. O meu primeiro navalheiro estava ali, deitado a minha frente, com um tiro fulminante. Pffuuuu que alegria.
Toca de partilhar a noticia com os que me são próximos. Entre o vizinho que estava comigo e alguns familiares, partilhei imediatamente com o amigo Inácio, a quem comprei a menina já ensinada.
Muito se aprende, quando se quer, com alguns Caçadores. Ou pelo menos, eu tento aprender o que posso com este Caçador e amigo. E espero que continuar a aprender com ele, muito.
Fica o registo fotográfico.
Companheiros, até breve.